O povo Xetá, falante de língua do grupo dialetal Guarani, já era conhecido, desde o século XVII, na área dos rios Ivaí, Piquiri e Paraná, no oeste paranaense. Entre 1950 e 1960, houve um contato violento ocasionado pela expansão cafeeira e projetos de colonização daquela região, e os Xetá foram retirados das terras tradicionais. Os poucos sobreviventes foram transferidos para as Terras Indígenas (TI) Marrecas e Pinhalzinho, localizadas nos atuais municípios de Turvo e Tomazina, onde passaram a conviver com indígenas Kaingang e Guarani.

 

A partir de 1955, foram realizadas diversas expedições para a Serra dos Dourados para identificar e contatar indígenas Xetá, tanto pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) quanto pela Universidade Federal do Paraná, com a coordenação do antropólogo José Loureiro Fernandes, em parceria com o Museu Paranaense.

 

A partir dessas expedições, diversos estudos de cultura material e linguísticos, especialmente do pesquisador Aryon Dall'Igna Rodrigues, foram desenvolvidos e publicados. Além disso, um intenso registro imagético foi realizado por Vladimir Kozák.

 

Kozák, por iniciativa própria, ainda elaborou uma importante etnografia reunindo informações em cadernetas de campo, desenhos e pinturas. Com o término das expedições, na década de 1960, ele continuou visitando um grupo familiar Xetá na TI Marrecas. Durante estas visitas, além de filmar e fotografar, coletou depoimentos dos indígenas e incentivou-os a desenhar as lembranças dos rituais e das atividades cotidianas. Com esta documentação, Kozák fez uma série de desenhos, pinturas em óleo sobre tela, aquarela e pastel que ilustram o dia-a-dia da aldeia e seus rituais, além de retratos do povo Xetá.