Os Karajá vivem em aldeias ao longo dos vales dos rios Araguaia e Javaé, e no interior da Ilha do Bananal, nos estados de Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará. Falam a língua Karajá, que pertence ao tronco linguístico Macro-Jê, e possuem uma população de mais de quatro mil pessoas. Destacam-se pela riqueza de sua arte e estética, representada principalmente pela boneca Karajá (ritxòkò), considerada desde 2012 patrimônio imaterial brasileiro.

 

Vladimir Kozák visitou a aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro em duas ocasiões, em 1954 e 1956. Situada na Ilha do Bananal, atualmente integra a Terra Indígena Parque do Araguaia, localizada no Estado do Tocantins. Lá ele filmou por cerca de duas horas, em películas coloridas em 16 mm, cenas que documentam o ritual de iniciação masculino (Hetohoky), o processo de tatuagem tribal e a confecção e pintura da cerâmica e da boneca Karajá.

 

A confecção da cerâmica e das bonecas Karajá é uma atividade exclusivamente feminina que originalmente tinha funções lúdicas e educativas. Esta cerâmica estatuária representa a identidade visual de homens e mulheres Karajá com seus adornos, pinturas e tatuagem tribal, e ainda cenas do cotidiano e da vida ritual, elementos da fauna e figuras mitológicas e fantásticas. Todo o processo de confecção das bonecas, desde a coleta e o preparo da argila, até a modelagem e a queima, foi registrado por Kozák em filme, fotografias em preto e branco e cromos coloridos.

 

O ritual Hetohoky, ou festa da Casa Grande, representa a passagem de meninos e jovens solteiros ao universo masculino. O ritual é marcado por danças, desfiles cerimoniais e pelo uso de máscaras representando espíritos sobrenaturais. Os meninos, após passarem por um longo período de aprendizagem, durante o qual recebem os conhecimentos necessários para tornarem-se guerreiros, têm seus lábios furados para uso do adorno labial.